Produzir um filme de ficção científica de baixíssimo orçamento é um trabalho de risco. A improvisação exagerada ou economia na pós-produção podem desvalorizar até mesmo o melhor dos roteiros e atuações. Mas correr esse risco pode valer a pena. Com direito a aparição alienígena, abdução e paranormalidade, Outono Celeste encontra o equilíbrio entre a sensorialidade e a contemplação estética em uma narrativa sci fi.
Dirigido por Iuri Minfroy, o curta-metragem gaúcho foi selecionado para mais de 25 festivais de oito países. No Brasil, passou por alguns dos principais festivais, entre eles o Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, Festival de Tiradentes, Janela Internacional de Cinema do Recife e o Festival de Gramado.
Com pouquíssimas palavras (há apenas uma fala nos minutos iniciais), Outono Celeste é uma investigação sobre a linguagem. Após o sumiço misterioso de seu acompanhante em uma floresta, uma garota (Ana Paula Schneider) se depara com um ser de outro planeta. Os laços afetivos com o desconhecido constroem-se através de uma linguagem universal, que foca em movimentos corporais e direcionamento do olhar.
Desse contato, desenvolve-se uma reflexão sobre a interação a partir das diferenças, sejam elas em aparência ou essência. O mistério que sustenta a narrativa do filme não se limita ao ser forasteiro. Todos os personagens, inclusive a garota humana, são completos desconhecidos. Essa atmosfera carrega consigo um tom de realismo fantástico, por vezes onírico ou sobrenatural, visualmente convidativo.
Para driblar as limitações orçamentárias, as cenas de abdução e paranormalidade inserem o espectador em uma experiência sensorial, reforçada por um jogo de luzes, cores e silêncio. Em tempos de extremo uso de efeitos visuais, essa opção se apresenta como um ponto positivo e, apesar de simples, é inesperado e pode surpreender.
Outono Celeste está disponível na íntegra no Vimeo e você pode conferir aqui: