Depois de anunciar O Marinheiro das Montanhas, de Karim Aïnouz, na seleção oficial não-competitiva e Medusa, de Anita Rocha da Silveira, na Quinzena dos Realizadores, o Festival de Cannes 2021 confirma mais três filmes brasileiros na programação. Os curtas-metragens Sideral, de Carlos Segundo, e Céu de Agosto, de Jasmin Tenucci, estão entre os dez títulos que concorrem ao Palma de Ouro este ano. Na mostra Cinéfondation, destinada a estudantes, destacam-se os nomes dos diretores brasileiros Rodrigo Ribeyro, com Cantareira, e Sacha Amaral, com Billy Boy.
A ficção científica potiguar Sideral foi realizada nas cidades de Natal, Ceará-Mirim e Parnamirim, no Rio Grande do Norte. A trama se desenvolve no dia do lançamento do primeiro foguete brasileiro na Base Aérea de Natal. Esse evento histórico afeta para sempre a vida de Marcela, Marcos e seus dois filhos. Carlos Segundo contou que o filme perpassa sutilmente por diferentes temas e assume um tom tragicômico. O curta foi viabilizado pela Lei Aldir Blanc, coproduzido pela França e agora repercute internacionalmente. Esse fato reforça a importância de investimentos em cultura e arte.
Céu de Agosto esteve na seleção da Mostra Tiradentes 2021 e agora estreia internacionalmente em Cannes. O filme, realizado em São Paulo e coproduzido pela Islândia, acompanha uma enfermeira grávida de sete meses que lida com uma crescente ansiedade. Enquanto enfrenta esse momento conturbado, aos poucos se vê atraída por uma fiel da igreja pentecostal e por sua comunidade. A diretora Jasmin Tenucci já desenvolve um longa-metragem de mesmo título baseado no curta.
Brasileiros na Cinéfondation
Já na mostra Cinéfondation, destinada a novos diretores, ainda estudantes, o paulistano Rodrigo Ribeyro estreia com Cantareira. Produzido como trabalho de conclusão de curso da Academia Internacional de Cinema de São Paulo, o filme conta a história de Bento e Sylvio, neto e avô, ambos com raízes profundas na Serra da Cantareira. A narrativa é ficcional, mas traz aspectos documentais que revelam impactos econômicos, ambientais e sociais sofridos pela paisagem.
Outro realizador brasileiro entre os selecionados da mostra é Sacha Amaral, que representa a Universidad Nacional de las Artes, da Argentina. Ele foi selecionado com Billy Boy, uma história queer de relações líquidas. O personagem Alejo busca preencher seu vazio sentimental mudando continuamente de parceiros sexuais que encontra em aplicativos e encontroas às cegas.
Além dos curtas e longas de diretores brasileiros, o país também aparece na coprodução de mais dois títulos selecionados para Cannes 2021, ambos na Quinzena dos Realizadores. São eles: El Empleado y El patrón, do uruguaio Manuel Nieto Zas, coproduzido pela Vulcana Cinema e Sancho&Punta; e Murina, da croata Antoneta Alamat Kusijanović, com Rodrigo Teixeira, da RT Features, na coprodução. O festival acontece entre os dias 6 e 17 de julho, no Palais des Festival, na cidade de Cannes, na França.