Nesta terça-feira (12), a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) se manifestou a favor da sociedade democrática e em defesa do Estado de Direito. Em nota, a Abraccine repudia o posicionamento seletivo e político-partidário das investigações e destaca seu posicionamento contra o processo de impeachment.
A Abraccine foi criada em 2010 e é a primeira entidade nacional a reunir os críticos de cinema do Brasil. Leia o manifesto na íntegra:
Pela legalidade democrática e defesa do Estado de Direito
A Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema – em votação majoritária, vem se manifestar pela legalidade democrática e o respeito ao voto no País. Defende a escolha do cidadão como instrumento primordial e representativo da soberania popular, base, afinal, das democracias, e no Brasil garantida no artigo 1º da Constituição Federal.
Observa, ainda, que independente de postura político-partidária e eventual concordância ou discordância com o governo em curso, a tentativa de retirar o mandato de um Presidente da República sem evidências jurídicas e provas conclusivas fere tanto a ordem vigente como a soberania do voto. Em questão está também a defesa do Estado de Direito e dos direitos sociais conquistados e amadurecidos em dura luta da sociedade nas últimas décadas.
Em tais condições, a entidade rechaça um processo de impeachment que não seja discutido sob princípios dignos, ponderados e com estrita observância dos regimentos legais tanto da Constituição como do Congresso Nacional. Acredita, por fim, ser legítima e urgente a investigação da corrupção em todas as esferas, mas repudia seu uso seletivo e político-partidário.
Profissionais e pesquisadores do audiovisual pela democracia
No mês de março, a Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (Socine) emitiu uma nota sobre os recentes acontecimentos políticos e midiáticos no Brasil. A Socine repudiou a atuação dos grandes conglomerados de mídia, com destaque para as Organizações Globo, que atentam contra a ordem democrática “através de difamações e incitações à instabilidade” e contra a construção de uma imprensa livre.
Milhares de profissionais de cinema e audiovisual no Brasil, entre diretores, roteiristas, atores, produtores e professores, lançaram um manifesto a favor da democracia brasileira e contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff também no mês de março. O manifesto repudia as “arbitrariedades promovidas por setores da Justiça, dos quais espera-se equilíbrio e apartidarismo”, destacando que tais atitudes colocam em risco “a convivência, o respeito à diferença e a paz social”.
No Facebook, profissionais que atuam na cena audiovisual de São Paulo criaram a página Audiovisual pela Democracia_SP com o intuito de divulgar e fortalecer o movimento contra o impeachment e o golpe branco em curso no País.
Confira na íntegra a nota emitida pela Socine:
Nota sobre os recentes acontecimentos políticos no país
Manifestamos aqui nossa preocupação e atenção em relação aos recentes acontecimentos políticos no país.
Na área que nos é mais próxima, temos visto duríssimos ataques ao jornalismo que se pauta pela democracia, ética e princípios republicanos. Com objetivos políticos não mais velados, jornalistas que atuam nos grandes meios perderam o respeito não apenas pelas suas profissões, mas pela própria importância de uma mídia equilibrada, democrática e justa.
O que vimos nos últimos dias, sobretudo com as Organizações Globo, atenta contra o grande esforço que nas últimas décadas tantos atores sociais têm feito para que a justiça e uma imprensa livre sejam parte constituinte da república. Não há como defender o fim da corrupção e corromper todos os meios para destruir este ou aquele ator político.
Afirmamos assim que:
– Qualquer atuação dos grandes órgãos de imprensa que atente contra a ordem democrática através de difamações e incitações à instabilidade é inaceitável.
Sobre os recentes acontecimentos, afirmamos ainda que:
– Nenhuma atuação do jurídico ou da polícia federal deve ser feita com fins partidários e com arbitrariedades e abusos de poder.
– Qualquer abuso de poder do poder judiciário deve ser coibido e a igualdade entre indivíduos respeitada.
A crise do país e as importantes investigações sobre corrupção não justificam que certos atores sociais, no poder jurídico ou na grande imprensa, atentem contra a democracia e a ordem republicana.