O Festival de Cannes 2019, que acontece entre os dias 14 e 25 de maio, reúne estreantes e veteranos em uma programação vasta e variada. Entre os selecionados, estão quatro filmes brasileiros e duas coproduções. Uma delas é “Bacurau”, ficção dirigida por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, que concorre à Palma de Ouro e fará sua estreia internacional nesta quarta-feira (15), às 22h, no Théâtre Lumière.
Além da indicação ao prêmio principal em Cannes, cineastas brasileiros marcam presença também nas mostras paralelas e especiais. “Sem seu sangue”, longa de estreia da carioca Alice Furtado, participa da Quinzena dos Realizadores, histórica mostra independente e não competitiva do festival. O drama conta uma obsessiva e intensa história de amor adolescente.
O cearense Karim Aïnouz, que participou do festival em 2002 com “Madame Satã”, retorna com “A vida invisível de Eurídice Gusmão” na mostra Um Certo Olhar/Un Certain Regard. O filme é uma adaptação do livro homônimo de Martha Batalha e traz Fernanda Montenegro no elenco. O diretor define sua nova realização, ambientada nos anos 1950, como um “melodrama tropical cheio de afeto e paixão, vermelho e verde flúor”.
Além das ficções, a produção documental “Indianara”, codirigido pelo brasiliense Marcelo Barbosa e pela francesa Aude Chevalier-Beaumel, será apresentada na mostra ACID. O documentário acompanha a trajetória política e social da ativista transexual Indianara Siqueira na luta pelos direitos de pessoas LGBT. As realizações selecionadas para a ACID têm em comum o cunho político, experimental, radical e independente.
Bacurau e a Palma de Ouro
O filme brasileiro “Bacurau” concorre com outros 20 títulos à premiação principal este ano. Entre os selecionados estão “Dor e Glória”, de Pedro Almodóvar, e “Era uma vez em Hollywood”, de Quentin Tarantino. Além de Tarantino, outros cinco diretores indicados já foram vencedores da Palma de Ouro em anos anteriores: o norte-americano Terrence Malick, o britânico Ken Loach, os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne e o francês Abdellatif Kechiche.
Esta é a segunda vez que Kleber Mendonça Filho concorre ao prêmio em Cannes. A primeira aconteceu em 2016, com “Aquarius“, o segundo longa-metragem de sua carreira. Em “Bacurau”, Kleber é codiretor junto a Juliano Dornelles, que assinou a direção de arte dos premiados “Recife Frio“, “O Som ao Redor” e também em “Aquarius”.
“Bacurau” mescla aventura e ficção científica em uma história que se passa no sertão do Seridó, divisa entre Rio Grande do Norte e Paraíba. Dias após a morte de Dona Carmelita, a tranquilidade do pequeno povoado está sob ameaça. Sonia Braga, Bárbara Colen, Karina Telles e Lia de Itamaracá são alguns dos nomes que integram o elenco.
Apesar de acumular mais de 30 indicações, incluindo coproduções, o Brasil foi vencedor da Palma de Ouro apenas duas vezes: em 1959, com “Orfeu do Carnaval”, de Marcel Camus; e em 1962, com “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte. O júri deste ano será presidido pelo cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu, que anunciará o vencedor da Palma de Ouro no dia 25 de maio.
Brasileiros na coprodução
Três produtoras brasileiras se destacam por trás das realizações selecionadas para o Festival de Cannes 2019. Conhecido por produzir com a RT Features filmes de destaque da cena independente, como “Frances Ha” e “Me chame pelo seu nome”, Rodrigo Teixeira é o nome por trás de “The Lighthouse”. O filme, selecionado para a Quinzena dos Realizadores, tem direção do americano Robert Eggers (“A Bruxa”). Teixeira participa da produção de dois filmes da mostra Um Certo Olhar. São eles “A vida invisível de Eurídice Gusmão”, de Karim Aïnouz, e “Port authority”, de Danielle Lessovitz.
A Anavilhana Filmes, de Belo Horizonte, assina a coprodução Argentina-Alemanha-Espanha-Brasil “Breve historia del planeta verde”, dirigida por Santiago Loza. O filme participa da mostra paralela ACID (junto a “Indianara”) e integra a seleção de filmes argentinos, a ACID Trip Argentine.
Já “O Traidor” (“Il Traditore”), do italiano Marco Bellocchio, que concorre à Palma de Ouro, conta com a coprodução da brasileira Gullane, dos irmãos Fabiano e Caio Gullane, e participação da atriz Maria Fernando Cândido. Com locações na Itália, Alemanha e Brasil, a história baseia-se na trajetória de Tommaso Buscetta, o primeiro mafioso do alto escalão a se transformar em um informante.
Matéria atualizada dia 26 de maio, às 10h45, para acréscimo de informações e links.