Ainda que afetado pelo contexto da pandemia da Covid 19, o mercado editorial reservou boas surpresas para 2020 com o lançamento de quatro premiados roteiros e de trabalhos que contribuem para a historiografia do audiovisual no país. Numa retrospectiva literária-cinematográfica, trazemos os principais lançamentos do ano que se debruçam sobre produções audiovisuais brasileiras e seu contexto de realização. 

O intuito não é tecer comentários sobre as publicações, e sim apresentá-las ao público. São seis livros, organizados por ordem de lançamento, que fazem do cinema brasileiro seu objeto de análise e reflexão social ou formal. O Assiste Brasil é afiliado da Amazon. Comprando os livros através dos links desta matéria, você contribui financeiramente, sem custo adicional, com a manutenção de nosso site.

Antologia da crítica pernambucana: discursos sobre cinema na imprensa (1924 – 1948), organizado por André Dib e Gabi Saegesser

Levantamento de críticas, crônicas, ensaios, entrevistas e outros registros sobre cinema publicados na imprensa pernambucana ou escritos por autores pernambucanos. Os textos antes dispersos em jornais e revistas são organizados nesta antologia que valoriza o patrimônio intelectual e contribuiu com a construção do imaginário sobre o cinema em Pernambuco na primeira metade do século XX.

CEPE Editora, 392 páginas, R$ 45/R$ 13, na Amazon.

A História da Eternidade: roteiro original do filme, de Camilo Cavalcante

Com mais de 20 prêmios em festivais no Brasil e exterior, o roteiro do longa-metragem de estreia de Camilo Cavalcante foi publicado em livro. Três histórias de amor e desejo acontecem em um vilarejo no Sertão e transformam as relações afetivas de seus moradores. 

Cepe Editora, 216 páginas, R$ 30/R$ 9, na Amazon (ebook) e na editora.

O Índio no Cinema Brasileiro e o Espelho Recente, de Juliano Gonçalves da Silva

A representação de personagens indígenas no cinema de ficção brasileiro é apresentada neste levantamento histórico que começa em 1911, ano em que é identificada a primeira representação indígena em narrativa ficcional, e avança até os anos 2000.

Monstro dos Mares, 124 páginas, R$ 32, no site da editora. Disponível para download gratuito.

Três Roteiros: O Som ao Redor, Aquarius, Bacurau, de Kleber Mendonça Filho

A trilogia de roteiros dos premiados longas de ficção de Kleber Mendonça Filho, lançados respectivamente em 2012, 2016 e 2019, ressoa as mudanças sociais da realidade brasileira que atravessaram a década de 2010. 

Companhia das Letras, 320 páginas, R$ 69,90/R$ 39,90, na Amazon.

Por Um Cinema Popular: Leon Hirszman, política e resistência, de Reinaldo Cardenuto

Leon Hirszman foi um dos principais articuladores culturais da resistência e oposição ao regime militar brasileiro, tendo em sua filmografia obras como Que País é Este?, ABC da Greve e Eles Não Usam Black-Tie, produzidas entre 1976 e 1981. O livro de Cardenuto situa o cineasta em relação aos debates do período, apresentando seu percurso de aproximação e interesse pelo novo sindicalismo e a representação da classe operária no cinema.  

Ateliê Editorial, 504 páginas, R$ 88, na Amazon.  

O Cinema Independente Brasileiro Contemporâneo em 50 filmes, de Marcelo Ikeda

O novo livro do professor e pesquisador Marcelo Ikeda traça um panorama do cinema independente brasileiro a partir de 50 filmes contemporâneos. O autor destaca, em comunicado à imprensa, que não propõe estabelecer cânones ou apresentar uma lista de melhores filmes, mas de ampliar “espaços de leitura para o que é o cinema brasileiro dos últimos anos”. A seleção inclui textos sobre longas e curtas-metragens de variadas regiões, com atenção especial ao Nordeste.

Editora Sulina, 175 páginas, RS 31, na Amazon.

[Extra]

Mulheres atrás das câmeras: as cineastas brasileiras de 1930 a 2018, organizado por Luiza Lusvarghi e Camila Vieira da Silva

O livro foi lançado em 2019, mas decidimos incluí-lo para destacar sua indicação ao Prêmio Jabuti deste ano. A obra reúne 27 ensaios que apresentam variados recortes temáticos e resgatam a trajetória profissional de mulheres cineastas de destaque num recorte histórico de quase nove décadas do cinema brasileiro. O trabalho de organização parte das pioneiras Cléo de Verberena, Carmen Santos e Gilda Abreu até diretoras da contemporaneidade como Anna Muylaert e Suzana Amaral (falecida este ano). A edição também inclui filmografias das realizadoras e o Pequeno Dicionário das Cineastas Brasileiras.

Estação Liberdade, 368 páginas, R$ 64/R$ 48, na Amazon.