Algumas cenas do cinema nos marcam pela beleza, pela dramaticidade ou pela emoção. Elas se tornam memoráveis por uma interpretação magnífica ou por algum final que ali se inicia. Às vezes, aquelas cenas podem passar dias em nossa memória por conta de uma atriz ou ator, ou por aquele personagem inesquecível. Talvez também por conta de uma música. Ou ainda por uma dança. E, por que não, pela mistura das duas coisas.

Mas não pense que vamos falar aqui sobre Dirty Dancing ou Pulp Fiction, porque o cinema nacional possui uma coleção de cenas memoráveis filmadas ao som de passos dançantes. Para provar isso, fizemos uma seleção de seis cenas em que o nosso cinema fez essa tão admirável cinestesia de artes.

1 – Auto da Compadecida (1999), de Guel Arraes

Tentando se safar da morte jurada pelo cangaceiro Severino de Aracaju (Marco Nanini), Chicó (Selton Mello) e João Grilo (Matheus Nachtergaele) procuram executar um plano de fuga que parece infalível. Eles prometem ao cangaceiro uma gaita benzida pelo “Padim Ciço”, que tem o poder de ressuscitar qualquer morto. Devoto do padre cearense, Severino dá um voto de confiança aos dois, e o resultado dessa tramoia não poderia ser diferente. Severino acreditou e… dançou.

2 – Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles

Um dos filmes contemporâneos mais conhecidos no Brasil e fora dele, Cidade de Deus também reserva ao espectador momentos divertidos. No aniversário de Bené, o traficante mais responsa e carismático da favela, todas as tribos da comunidade se reúnem e se misturam para a sua despedida. E lá rola de tudo.

3 – Carandiru (2003), de Héctor Babenco

Carandiru é um filme forte, impactante, mas também tem momentos de descontração. Uma dessas cenas é quando a dançarina Rita Cadillac faz uma apresentação sensual e de conscientização para centenas de presos em um dos pátios do presídio. A ex-chacrete, ao lado de Dráuzio Varela, ainda ensina aos detentos a se prevenir de doenças sexualmente transmissíveis, tão comuns naquele inferno.

4 – Baile Perfumado (1996), de Lírio Ferreira e Paulo Caldas

As cenas mais conhecidas de Lampião eram de momentos violentos, estando em busca da sobrevivência ou procurando alguma forma de incomodar o Governo brasileiro. Mas, o árabe Benjamim Abraão teve a chance de filmar o bando de Virgulino em momentos íntimos e de pura tranquilidade. Ao som de Baile Catingoso, da banda Mestre Ambrósio, os cineastas Lírio Ferreira e Paulo Caldas refilmaram o momento de diversão e, claro, de muita dança do bando de cangaceiros.

5 – Ó Paí, Ó (2007), de Monique Gardenberg

Em busca de um espaço para se apresentar, a Beyoncé da Bahia (Virginia Rodrigues) e seus parceiros conversam com Neuzão (Tânia Tôko), dona de um bar no bairro, para saber se há possibilidade de fazer um show no local. O aperitivo do axé acontece com a turma se reunindo para dançar I Miss Her, composta por Lázaro Ramos para o Olodum. O resultado: todos se juntam para dar vida a um momento de diversão com muito gingado baiano.

6 – Tatuagem (2013), de Hilton Lacerda

Tatuagem é arte, vida, fogo e intervenção artística. São diversas as cenas que unem a melodia de uma canção a movimentação dos corpos em um fluxo hipnotizante. E, o melhor: tem para todos os gostos. De romance à comédia que choca o espectador, a trilha sonora do filme enriquece ainda mais sua linguagem poética. Aqui, optamos pela primeira dança de Clécio (Irandhir Santos) e Fininha (Jesuíta Barbosa), mas também tem Polka do Cu

7 – Pas de Deux (2014), de Carlos Saldanha

O curta-metragem é a primeira produção em live-action do animador brasileiro Carlos Saldanha (A Era do Gelo Rio) e é um dos segmentos de Rio, Eu Te Amo, terceiro filme da franquia Cities of Love. Toda a história é ambientada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e retrata a relação de um casal de bailarinos, que entra em crise por conta dos novos rumos de suas carreiras. Isso tudo acontece momentos antes de entrarem no palco, levando as incertezas e confusão de sentimentos a tomar conta de seus passos.

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