O espaço de convergência entre os sertões de Glauber Rocha e João Guimarães Rosa é explorado no artigo acadêmico Travessia entre Glauber Rocha e Guimarães Rosa: o discurso autoconsciente de Deus e o Diabo na Terra do Sol e sua relação com Grande Sertão: Veredas, assinado por Jefferson Domingos de Assunção, doutorando em Estudos de Linguagem pelo CEFET-MG.

É proposta uma análise sobre a influência exercida pela literatura de Guimarães Rosa, especificamente Grande Sertão: Veredas (1956), sobre o filme Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha. Segundo o autor, a proximidade entre as obras se dá na autoconsciência do universo ficcional que marca ambas narrativas. Busca-se definir o conceito de literatura autoconsciente e traçar um panorama da relação do discurso indireto livre com o dispositivo cinematográfico no cinema moderno como elemento politicamente ciente de sua natureza.

A publicação é um recorte da dissertação de mestrado Travessia em transe: Guimarães Rosa e o cinema de cangaço, apresentada em 2016, em que o autor demonstra quão relevante foi a literatura de Guimarães Rosa para a construção do olhar sobre os movimentos de jagunços e o sertão nos filmes do ciclo do cangaço.

Referências de destaque

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Artigo: Travessia entre Glauber Rocha e Guimarães Rosa: o discurso autoconsciente de Deus e o Diabo na Terra do Sol e sua relação com Grande Sertão: Veredas

Dissertação: Travessia em transe: Guimarães Rosa e o cinema de cangaço

Autor: Jefferson Domingos de Assunção

Programa / Instituição: Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagens / CEFET-MG

Linha de pesquisa: Literatura, Cultura e Tecnologia

Palavras-chave: Cinema; literatura; filosofia; cangaço

Como citar: ASSUNÇÃO, Jefferson. Travessia entre Glauber Rocha e Guimarães Rosa: O discurso autoconsciente de “Deus e o diabo na terra do sol” e sua relação com “Grande sertão: Veredas”. Revista Observatório da Diversidade Cultural, v. 2, n.º 1, 2015, p. 178-192